sábado, 13 de novembro de 2010

Crônica sobre a Loucura


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loucura (autoria: Martinho Sérgio de Medeiros Casado) Enfermeiro e Diretor do CAPS


A loucura é algo real, um sintoma social, faz parte da humanidade
É um padrão desproporcional de quem é especial e por isso fora do normal
E a sociedade chama esse padrão de insanidade

Pois, afinal de contas quem nunca enlouqueceu por um alguém
Quem não lutou pra ganhar mais alguns vinténs ou desejou ser uma pessoa muita amada
Bem notada e aceita por todos neste trivial caminhada para o obscuro destino final
Afinal de contas quem nesse mundo é totalmente normal ou perfeitamente anormal

Quem nunca lutou por um grande amor
Quem nunca foi até as últimas conseqüências de seus sonhos e inspirações
Quem em sua inocência não descobriu o preconceito e a prepotência de quem não quer aceitar o contraditório e o comportamento diferente do outro
É bem mais fácil chamá-lo de louco sem nenhum pudor afinal de contas quem nunca lutou por um grande amor

Ser louco é dá razões ao coração
É fugir do seu pesadelo mental e encontrar no amor da família a razão de estar vivo
Então eu quero ser considerado louco por todos
Sem nunca desistir de lutar por aqueles que acreditam em mim e na minha capacidade de superar os meus limites
Isso me faz feliz e nesses momentos a loucura nem existe

Existem pessoas que cultivam a pior espécie de loucura
Que é a ganância pelo poder que é ostentada pelo dinheiro e pelo status social
Pessoas que matam em nome do dinheiro, que pelo dinheiro vão se deixando morrer
Quero fazer morrer em mim a loucura irreal fruto de meus pesadelos e ilusões criadas
Por minha mente sensível
Não quero matar nem tampouco morrer por causa da minha loucura pessoal
Eu quero apenas ser notado como gente e dessa forma viver uma vida normal

Venho combatendo minha loucura com doses de amor, respeito, compreensão, cidadania, acolhimento que recebo todos os dias da equipe de saúde mental
Ser notado, enxergado, consultado e respeitado, isso é uma sensação incrível
Aos poucos com a ajuda de todos: família, sociedade, profissionais da saúde mental
E também me ajudando a me aceitar do jeito que sou serei um cara invencível.

Autor: Martinho Sérgio de M. Casado todos os direitos reservados.

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