terça-feira, 12 de outubro de 2010

BOA NOITE CAPS: uma questão de acolhida


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Trata-se de um momento impar realizado no dia 29 de agosto deste ano, no qual no centro de convivência Pedro Tomaz Dantas, após duas semanas de divulgação nos veículos de comunicação (rádio e panfletos), a sociedade compareceu em massa para prestigiar o evento. O Boa noite CAPS aconteceu com a seguinte programação: abertura com música de acolhida aos participantes, um breve momento de esclarecimento sobre “acolhimento” suas principais função na rede municipal de saúde e posteriormente um momento de reflexão sobre SUS e nosso comportamento enquanto cidadãos usuários do desse sistema singular. A equipe de pronunciou algumas vezes, em seguida a população em geral seguida de alguns usuários. Foi um momento de partilha, de troca de saberes, de esclarecimentos, de perguntas acerca do tema, como se dá o acolhimento em João Pessoa-PB. Enfim, uma noite de contato com a sociedade, onde profissionais e usuários interagiram de forma simples e objetiva provocando um desejo de implantar o acolhimento no serviço de saúde municipal, essa foi a percepção e o sentimento que mais me marcou o boa noite CAPS.
Após depoimentos de alguns usuários do serviço de saúde municipal e de uma ACS (mãe de uma criança portadora de necessidades especiais), todos foram unânimes que não somente o CAPS, mas toda a rede municipal de saúde necessita de uma intervenção dessa magnitude; pois, ferramentas a respeito do acolhimento, da escuta qualificada, sala de situação, dentre outras, são instrumentos estruturantes de uma nova política de inclusão e resolutividade no SUS local, estadual e federal. Apesar das intervenções realizadas em alguns UBS e no CAPS ficou claro que o processo de transformação e mudança ainda é um processo novo e inacabado, que necessita ser estudado, debatido, monitorado sempre com muito afinco, responsabilidade e muita propriedade. Para o público também ficou claro que existem profissionais que não conseguem trabalhar o acolhimento e portanto oferecer informações e uma assistência mais qualificada aos usuários, visto que, o acolhimento constitui-se como um leque de opções que devem ser ofertadas pelo pessoal responsável pela recepção nas UBS, EFSs e serviços hospitalares, quando o acolhimento não lhes é oferecido como na forma de assistência e informação o serviço e o usuário são prejudicados. Conforme relata Merhy (1999), o acolhimento propõe inverter a lógica organizacional e o funcionamento do serviço de saúde, partindo dos seguintes princípios: Atender a todas as pessoas que procuram os serviços de saúde, garantindo a acessibilidade universal. Assim, o serviço de saúde assume a função precípua, a de acolher, escutar e dar uma resposta positiva, capaz de resolver os problemas de saúde da população.
O término do evento boa noite CAPS aconteceu com uma dinâmica, onde utilizei bexigas (balões vazios com pequenos pedaços de papel com palavras sobre o acolhimento, e um pedaço de cordão barbante), após encher essas bexigas, as pessoas foram motivadas a estourar as bexigas e a falarem sobre a palavra contida no papel, após as falas de cada pessoas, cada uma delas amarrava o seu pedaço de barbante noutro barbante e assim formamos um grande circulo/roda que a denominamos de roda do acolhimento.
O acolhimento é visto como uma perspectiva essencialmente comunicacional, que entende ser a conversa principal atividade de um serviço de saúde. Assim, o funcionamento satisfatório do acolhimento depende da recepção do usuário no serviço, entendida como um espaço de “investigação, elaboração, negociação das necessidades que podem vir a ser satisfeitas.” (UERJ, 2003 p. 102). A comunicação constitui-se em um elemento fundamental para o acolhimento. A dificuldade de se comunicar com os usuários e de tratá-los como sujeitos com desejos, crenças e temores, tem sido a causa de inúmeros fracassos na relação entre profissionais de saúde e o ser usuário. (UERJ, 2003).
Para Selli (2003), para ser eficaz, a comunicação requer que tanto o usuário quanto profissional; ambos sejam capazes de captar a mensagem verbal e não-verbal. Segundo esclarece, são muitas as maneiras de se comunicar: a fala, o olhar, o gesto, o silencio e o sorriso caracteriza o que queremos dizer ao outro.
Sobre a aplicabilidade do acolhimento ora como ferramenta ora como instrumento de mudanças, sensibilização. Posso relatar a percepção dos usuários de psicotrópicos que não possuem perfil de CAPS, isto é, que recebem a medicação e retornam para suas residências, são pessoas portadoras de transtornos mentais leves, anterior a especialização e aos debates sobre acolhimento, a dispensação de medicação psicotrópica era entregue aos familiares e o contato desses usuários era apenas com os profissionais médicos para dispensação da receita e consulta de alguma outra patologia.
Após, a implantação do acolhimento no CAPS, tornou-se possível um dialogo acompanhado de uma significativa participação dos usuários e seus familiares com a equipe do CAPS e os usuários do CAPS, gerando uma maior confiabilidade no serviço, estreitando laços; propiciando interação e promoção de da saúde dos mesmos, a partir desse momento de diálogo e debate de temas especifico sobre saúde de fácil assimilação. No âmbito municipal, foi possível sentar com a equipe da ESF do destrito de Santa Luzia e debater sobre acolhimento e EPS, promovendo um momento de capacitação, sensibilização, escuta, dialogo e diagnóstico dos principais entraves relacionado a saúde mental daquela região situada na zona rural.

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